DERROTAR CAMERON, WILLETS E SILVIO BERLUSCONI!
*Joyce Rebelo
O continente europeu vive uma das maiores crises de todos os tempos e explode com manifestações reivindicatórias contra a retirada de direitos conquistados há anos. Na Irlanda com o “plano de resgate” o governo quer que o povo irlandês pague a conta para salvar os poderosos bancos alemães. Na França, a juventude resiste ombro à ombro com os trabalhadores contra os ataques na Reforma da Previdência e essa é mesma lógica que o capital está aplicando em Portugal, Espanha e Grécia.
A educação pública está sendo um dos maiores alvos dos banqueiros e capitalistas, que foram os grandes criadores da crise econômica. Percebemos que 70% das medidas de ajustes entre os países seguem a risca a cartilha do imperialismo e na Inglaterra esse corte, como plano de governo no orçamento do ensino superior está em torno de 40%, um verdadeiro desastre econômico, social e estudantil para a vida dos estudantes.
Toda regulamentação das universidades européias passa pelo crivo do coroa/parlamento, independentes de serem públicas ou privadas, há pagamento de matrícula todos os anos, porém em alguns países esse pagamento e todos os custos dos cursos são feitos pelo estado. Em meio à esse caldeirão o governo não recua, implementando cada vez mais a lógica privatista dentro das universidades estatais, o que resulta com rapidez os levantes estudantis organizados em toda europa.
A educação na Inglaterra é de excelente qualidade, que iniciam no Childcare (infantil) passando pelos Key Stages (fundamental e médio) até o Highter Education (superior), assim como supera também a educação alemã e japonesa e nesse contexto , os estudantes universitários e secundaristas (Key e Highter) ingleses cumpriram e cumprem o papel principal nesta linha histórica com gigantescas mobilizações contra o aumento da matrícula universitária.
O governo britânico quer de qualquer forma, aumentar os custos na educação universitária na Inglaterra e o ajuste feito pelo primeiro ministro David Cameron com a aprovação da Câmara dos Comuns, o piso de anuidades que é de triplicar o preço da matrícula universitária de 3.290 libras (R$ 8,9 mil) para 6 mil libras, e algumas universidades podem chegar até 9 mil libras, no caso se tiverem bolsas de incentivos, ou seja, quem vai pagar mais caro, é o filho do trabalhador, ou ficar de fora da universidade.
Milhares de estudantes cercaram o parlamento inglês
A Inglaterra ainda vive regida sob o governo monarca-parlamentar (coroa e parlamento),assim como os demais países que compõem o Reino Unido, porém as paredes do parlamento inglês estremeceram ao serem cercadas por milhares de estudantes e pintadas com grafit. Os estudantes organizaram uma marcha até à cidade de Westmister, que em sua antiguidade funcionava como abadia que abrigava as sepulturas reais da inglaterra, foi palco de enfrentamentos violentos entre os bravos estudantes e a polícia reprimindo os manifestantes, que se defenderam usando paus, pedras e tochas. A fúria dos estudantes pode ser vista ao ocuparem a sede do partido conservador, incediarem os bancos da praça, ao subirem na estátua de Winston Churchil e o decapitarem, bem como o repúdio ao carro de Príncipe Charles e Camilla Parker, atirando uma lata de tinta ao veículo.
Os castelos de Edimburg e Glasgow
Na Escócia hoje, a Gaita de Foles não está sendo apreciada nem tocada como deveria, aos moldes e resquícios de tradição que o país tenta manter, devido sua dependência à Inglaterra e as turbulências que enfrentam os estudantes, apesar do parlamento escocês ter sido criado em 1997, não possuem independência política. Nesse sentido, o ensino superior escocês é 100% gratuito, ou seja, totalmente custeado pelo estado, com bases delineadas pelo Partido Nacional Escocês.
Não é à toa, que os ministros escoceses estejam temerosos junto com os estudantes escoceses, vivendo momentos dramáticos acerca das medidas decididas em Londres, porque o custeio do estudante escocês em Londres dependerá e continuará custeada pelo estado escocês, até que se mude no Parlamento escocês seu projeto educacional.
O Secretário de Educação da Escócia coloca que o acesso à universidade poderia ser baseado unicamente pela “capacidade de aprender a não na capacidade de pagamento”.
Outro aspecto importante nesta bola de neve é a concorrência entre os melhores estudantes nas instituições, trazendo consigo os cursos em frangalhos e os duplicando para outras universidades, o estudante escocês pode escolher entre estudar na Inglaterra, custeado pelo governo ou ficar em Londres e ter que pagar do próprio bolso, caso a medida seja mesmo referendada e anunciada em abril de 2012 por Willets, após ter passado pelo crivo do Parlamento e com calendário para as universidades, todavia, as dores de cabeça dos escoceses só aumentarão, pois o orçamento escocês e gaulês explodirá com o inchaço no financiamento dos alunos “refugiados da taxa”.
Contudo as universidades podem perder 400 milhões, - 6% no orçamento destinado à educação. As universidades já assinalam com possíveis falências e sucateamento dos cursos com os cortes, pois nem todos os estudantes terão como pagar as taxas.
“Cerca de 22.500 alunos ingleses atualmente estudam em universidades da Escócia e pagam uma taxa anual de £ 1,820 ou £ 2,895 para a medicina. Há 11.895 estudantes escoceses em faculdades na Inglaterra.” Extraído: http://www.guardian.co.uk
Estudante formado e endividado
O estudante europeu corre um sério risco de sair da universidade endividado, com a subida nos preços das matrículas, pois o empréstimo para o pagamento das matrículas pode ser pago quando os estudantes estiverem formados ganhando um salário anual a partir de 21 mil libras, além de encarecer as universidades britânicas. “O que será um fardo para o estudante com uma longa duração para quitação, mesmo que já tenham dinheiro para pagar”- Presidente da União Nacional de Estudantes, Aaron Porter.
A Unidade dos estudantes europeus
Estamos um pouco mais de 1 mês e meio da explosão do início da manifestação estudantil em Londres, com todos enfretamentos que os estudantes passaram, atos de protesto contra o partido liberal-democrata no governo de coalizão, confronto com a polícia , vigília, golpes de cassetete e ocupações em diversas universidades, entretanto, o movimento segue se espalhando como fogo na floresta, pois assim como os estudantes vieram de diversas partes do reino unido para protestarem em Londres, os gauleses, irlandeses, escoceses, ingleses tendem a continuarem unificados contra o reajuste e os pacotes econômicos, e agora os estudantes italianos, redobraram os protestos contra a Reforma Universitária do Governo Silvio Berlusconi e a subida de matrículas ocupando o Coliseu de Roma e a Torre de Pisa, se unindo em Roma em uma grande mobilização com trabalhadores.
· TODA SOLIDARIEDADE AOS ESTUDANTES EUROPEUS!
· ABAIXO ÀS TAXAS ANUAIS!
· POR ENSINO GRATUITO E DE QUALIDADE!
· DERROTAR CAMERON, WILLETS E BERLUSCONI!
· UNIDADE OPERÁRIA E ESTUDANTIL PARA BARRAR O AJUSTE FISCAL!
*Estudante de Letras Língua Inglesa UFPA, Presidente do CALLI Centro Acadêmico Língua Inglesa, Presidente DM PSOL e militante da CST e do Coletivo Vamos à Luta.