O feitiço virou contra o feiticeiro
*Joyce Rebelo
O contexto histórico atual do mundo Anglófono, nunca mais será o mesmo. A crise tem efeitos colaterais surpreendentes neste cenário político, econômico e social na vida dos europeus. Com o lobby franqueado pelo governo nas universidades, o mesmo não esperava a resistência dos estudantes e aprovou o pagamento de taxas também para as gigantescas corporações, grandes empresas telefônicas e bancos bilionários no mundo dos negócios na Europa. A evasão fiscal das multinacionais que lucram bilhões de dólares ao ano está sendo colocada em xeque, os barões dos negócios estão na defensiva e foram pegos de surpresa, tais como: a VODAFONE, HSBC, Top Shop, Botas e HM Revenue & Customs, que estão se recusando a pagar as taxas frente ao estado britânico e por isso estão sendo o centro dos protestos da fúria pública dos trabalhadores junto novamente aos estudantes que protagonizam mais uma vez a manifestação nas ruas de Oxford .
O HSBC, na calada da noite em Convent Garden, por mais que tenha sido escolhida para destacar os cortes do governo, está também dentro da sacola e tentou passar a perna procurando a receita federal para um “acordo de bastidores”, para baixar sua fatura fiscal de 2 bilhões para 1,25 bilhão. A VODAFONE deve pagar o estabelecido de 6 bilhões, mas sonega e paga ultimamente somente 1,25 bilhão. A Top Shop é o alvo central da fúria dos bravos estudantes, está tentando evitar as taxas e tem como dono e gerenciador o bilionário Philip Green que também é conselheiro do governo e ajudou na aprovação das taxas para a matrícula universitária, além dos familiares estarem envolvidos também neste processo. E junto a tudo isso a Confederação da Indústria Britânica (CBI), conhecida como a “porta voz dos negócios”, ficou calada em meio ao furação de manifestações dos trabalhadores.
O estudante tem que pagar as taxas nas universidades que deveriam ser 100% estatal e os mega empresários fazem negociatas para redução de suas taxas e seguem lucrando bilhões. Em nenhum momento os banqueiros não abrem mão do seu superfaturamento e querem que os trabalhadores e estudantes paguem a conta da crise, no entanto os tipos de protesto nas ruas continuam atormentando os grandes empresários, que estão preocupados em não manchar os nomes de suas mega empresas, assim como também em não pagar as taxas, querem discutir uma taxa mais “apropriada” e mais “eficiente”, porém a organização dos estudantes despertou a conscientização de todos os estudantes neste momento decisivo de luta por uma educação gratuita, onde tomaram a iniciativa de enviar uma mensagem de protesto por cada militante através da internet, que tem se proliferado, dizendo: “Se os ricos pagassem pelas taxas, você não precisaria fazer um simples corte em um serviço essencial para a sociedade: a educação!”. Por mais que o governo britânico contrate um novo advogado para intermediar as negociações com as famílias mais pobres acerca dos cortes, o movimento estudantil, corre por fora se organizando juntos aos sindicatos para assinalarem uma possível greve geral a partir de janeiro.
A batalha dos livros – Pip Pop
No tracejo de resistência frente às políticas nefastas do Governo Britânico, vimos há alguns dias atrás, que os estudantes tiveram mais uma brilhante idéia, a de criar enormes livros como forma de manifesto – Pip Pop, que foram usados como escudo e barricadas para se defenderem dos cassetetes em meio a fumaça, fogos, cavalos e policiais. A força estudantil que está por trás dos acontecimentos de 1968, está sendo revivida nas ruas de Londres hoje, enquanto os parlamentares discutem dinheiro, como se fosse à única coisa de valor, os estudantes traçam o caminho de outra forma, usando suas idéias organizadas.
Por tudo que nossos olhos puderam observar dentro deste período, prestamos nossa solidariedade de classe com os estudantes e com os trabalhadores europeus, que é de fundamental importância neste momento para que continuem firmemente na luta até a vitória do movimento organizando. A luta do estudante europeu é nossa luta também e por isso cercamos os companheiros de força, coragem e esperança, acreditando que somente lutando nas ruas que poderemos desfazer o que se fez no parlamento.
Depoimento do estudante Michael Chessum, 21 anos:
"Sentei-me no Verão passado e decidimos que deveríamos ter uma grande manifestação contra o aumento das taxas anuais, porque caso contrário a educação gratuita ia cair fora do mapa", disse Chessum. É responsável pela associação de estudantes. Que pretende conseguir seu diploma de História na University College de Londres, assim como, tirar uma licença para trabalhar nas campanhas de educação. (Extraído: http://www.nytimes.com)
· PELA EDUCAÇÃO 100% ESTATAL.
· POR MAIORES INVESTIMENTOS NA EDUCAÇÃO.
· ABAIXO ÀS TAXAS!
*Estudante de Letras Língua Inglesa UFPA, Presidente do CALLI Centro Acadêmico Língua Inglesa, Presidente DM PSOL e militante da CST e do Coletivo Vamos à Luta.
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